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D'Angelles Backes

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O Partido do Progresso (PRF), com uma postura considerada xenófoba por analistas, emerge como um potencial obstáculo para a vitória do centro-esquerda nas próximas eleições na Noruega. Embora historicamente atrás do Partido Trabalhista nas pesquisas, e tendo governado em coligação com o Partido Conservador entre 2013 e 2020, o PRF tem se posicionado à frente dos conservadores da ex-primeira-ministra Erna Solberg nas intenções de voto, com mais de 20%.

Apesar de já ter figurado como a segunda maior força parlamentar em outras ocasiões, como em 2009, o PRF enfrentou declínio nas três eleições subsequentes, atingindo seu pior resultado em duas décadas (11,6%) em 2021.

Contudo, as sondagens mais recentes indicam um possível renascimento do partido, com a possibilidade de dobrar seu desempenho eleitoral. Esse crescimento é atribuído à insatisfação popular com o governo atual, ao declínio dos conservadores e, principalmente, ao discurso linha-dura em relação à imigração, impulsionado pela liderança de Sylvi Listhaug.

Fundado em 1973, o PRF originalmente surgiu como um partido de protesto contra impostos elevados e a intervenção estatal na economia. Sob a liderança de Carl I. Hagen (1978-2006), o partido ascendeu de uma força minoritária a um ator relevante na política norueguesa.

Um ponto de inflexão foi as eleições municipais de 1987, quando o PRF triplicou sua votação, alcançando 12%. Esse sucesso é atribuído ao impacto da “carta de Mustafá”, posteriormente desmascarada como uma farsa, na qual um suposto imigrante muçulmano alertava para a futura transformação da Noruega em um Estado islâmico.

Apesar de consolidar sua posição como a segunda maior força parlamentar, a resistência de outros partidos de direita à retórica do PRF limitou seu papel a um apoio externo. A derrota da direita em 2009 abriu caminho para a formação de uma coligação que venceu as eleições em 2013.

Apesar de não ser classificado como extrema-direita e de se distanciar de partidos semelhantes na Europa, o PRF acumula controvérsias. Políticos do partido frequentemente utilizam a expressão “islamização às escondidas”. Exemplo disso foi o antigo vice-presidente Per Sandberg, que exibiu uma camiseta com uma âncora e a frase “Boa viagem” durante a crise dos refugiados.

A líder do partido, Sylvi Listhaug, também protagonizou momentos controversos. Em 2018, acusou o Partido Trabalhista de priorizar direitos de terroristas em detrimento da segurança nacional, o que gerou críticas generalizadas e culminou com um pedido de desculpas parcial e sua demissão. Listhaug retornou ao governo como ministra da Saúde, mas o partido deixou o executivo em 2020.

Listhaug, que assumiu a liderança meses antes das últimas eleições legislativas, tem focado na criação de centros de acolhimento para requerentes de asilo em países terceiros e no aumento da pena máxima de prisão para 50 anos, visando evitar que a Noruega se torne “a nova Suécia”, em referência ao aumento da criminalidade naquele país. Em termos econômicos, defende cortes de impostos e a abolição do imposto sobre o patrimônio.

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