No Brasil, a conquista de um diploma de nível superior se traduz em maiores chances de emprego e salários significativamente superiores, podendo ultrapassar o dobro da remuneração de quem possui apenas o ensino médio. Contudo, um quarto dos estudantes abandona o curso já no primeiro ano.
Dados recentes apontam que brasileiros entre 25 e 64 anos com ensino superior completo auferem, em média, 148% a mais do que aqueles com ensino médio. Esse índice supera a média observada nos países da OCDE, onde a diferença salarial é de 54%. Apenas Colômbia e África do Sul apresentam disparidades ainda maiores.
Apesar das vantagens financeiras evidentes, o acesso ao ensino superior permanece restrito. Em 2024, apenas 20,5% dos brasileiros com 25 anos ou mais possuíam diploma de graduação, segundo o IBGE.
Outra questão preocupante é o alto índice de jovens que não estão empregados, nem estudando ou recebendo treinamento. Quase um quarto dos brasileiros entre 18 e 24 anos se enquadra nessa categoria, superando a média da OCDE. Há também uma disparidade de gênero, com uma porcentagem maior de mulheres nessa situação em comparação com os homens.
A evasão universitária é outro ponto crítico. Um em cada quatro estudantes abandona o curso após o primeiro ano. Mesmo após três anos do tempo previsto para a conclusão, menos da metade dos alunos consegue se formar. Consequentemente, apenas 24% dos jovens brasileiros entre 25 e 34 anos efetivamente concluem o ensino superior, um número inferior à média da OCDE.
Estudos sugerem que as altas taxas de abandono podem indicar um desalinhamento entre as expectativas dos estudantes e a realidade do curso, possivelmente refletindo a falta de orientação profissional adequada ou apoio insuficiente aos novos alunos.
Curiosamente, mulheres que ingressam no ensino superior apresentam maior probabilidade de concluir os estudos em comparação com os homens.
No cenário global, a mobilidade estudantil internacional tem crescido, mas o Brasil não acompanhou essa tendência.
Em termos de investimento, o governo brasileiro gasta um valor significativamente menor por aluno em comparação com a média da OCDE, embora o percentual do PIB destinado ao ensino superior seja semelhante.
Especialistas defendem a necessidade de aprimorar a preparação acadêmica e a orientação profissional no ensino médio, além de criar programas de ensino superior mais flexíveis e inclusivos, visando aumentar a taxa de conclusão e garantir um retorno maior sobre o investimento público. A qualidade do ensino superior também é uma preocupação, com pesquisas indicando dificuldades de compreensão de textos complexos mesmo entre diplomados.