O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, assegurou que a Corte não se deixará intimidar por manifestações de governos estrangeiros, referindo-se especificamente a uma publicação na rede social X. A declaração foi feita durante a sessão de julgamento que avalia a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de mais sete aliados em uma suposta trama golpista.
Em seu voto, Dino enfatizou que o STF está cumprindo seu dever constitucional e que ameaças ou sanções não influenciarão as decisões do colegiado. “Eu me espanto com alguém imaginar que alguém que chega ao Supremo vai se intimidar com tweet”, declarou o ministro. “Será que as pessoas acreditam que um tweet de uma autoridade de um governo estrangeiro vai mudar um julgamento no Supremo? Será que alguém imagina que um cartão de crédito ou o Mickey vão mudar um julgamento no Supremo?. O Pateta aparece com mais frequência”, completou.
A declaração de Dino surge após a embaixada dos Estados Unidos no Brasil ter feito uma postagem considerada uma ameaça contra o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso e também favorável à condenação.
O ministro também rebateu alegações de que o STF estaria agindo por vingança contra Bolsonaro e seus aliados, negando que a Corte seja composta por juízes que desejam praticar retaliação ou agir de forma ditatorial. “Não há razão para acreditar que o Supremo é composto por juízes que querem praticar vingança ou serem ditadores, porque não é a tradição do Supremo”, afirmou.
Até o momento, o placar do julgamento está em 2 a 0 pela condenação, com votos de Moraes e Dino. A sessão foi suspensa e será retomada nesta quarta-feira (10), para os votos dos ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
São réus no processo, além de Jair Bolsonaro, Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Walter Braga Netto e Mauro Cid.