Fios soltos e energizados em ruas de Goiás representam um perigo crescente para a população. O caso recente de Nathály Rodrigues do Nascimento, 17 anos, vítima fatal de eletrocussão no centro de Goiânia, reacendeu o debate sobre a urgência de soluções para o problema.
Na última terça-feira, durante um temporal na capital, a jovem pisou em um cabo de alta tensão rompido na Rua 20. O Corpo de Bombeiros constatou que Nathály estava inconsciente e em contato com a fiação. O SAMU confirmou o óbito no local.
A prefeitura de Goiânia, em conjunto com o Ministério Público de Goiás e a concessionária Equatorial Goiás, havia se reunido dias antes para discutir a retomada de um projeto de organização e retirada de fios soltos. O encontro, que contou com a participação do procurador-geral de Justiça, Cyro Terra, enfatizou o risco dos fios para pedestres, ciclistas e motociclistas, além da poluição visual.
A Lei nº 9.785, de 2016, responsabiliza as operadoras de telecomunicações pela organização e manutenção da fiação. O presidente da Equatorial, Lener Jayme, reafirmou o compromisso da empresa em colaborar com as autoridades.
Um caso semelhante ocorreu em Anápolis, onde um menino de 10 anos morreu após tocar em um fio telefônico solto e energizado.
A ausência de organização e fiscalização da fiação aérea transforma a queda de cabos energizados em uma ameaça constante. Não há legislação federal específica para a organização da fiação, mas um projeto de lei busca tornar obrigatório o aterramento em todo o país.
A Comissão de Direitos do Consumidor da Câmara Municipal de Goiânia debateu os riscos da fiação desorganizada, que pode causar acidentes, incêndios e quedas de postes. Vereadores alertaram sobre os riscos para pedestres e motoristas e a necessidade de responsabilizar as empresas pela manutenção.
A Prefeitura de Anápolis decretou situação de emergência para remoção de fios soltos e aplicou multas de até R$ 20 mil às empresas responsáveis.
A Equatorial não informou sobre ações específicas para identificar e corrigir fios soltos em áreas urbanas.
Gerente do Centro de Operações da Equatorial Goiás, Vinicyus Lima, explica que a chuva, após longos períodos de estiagem, pode causar curtos-circuitos. A executiva de Segurança do Trabalho, Suzane Caires, orienta a manter distância de fios caídos e acionar as autoridades. Dentro de casa, aparelhos devem ser desligados durante tempestades e eletrônicos molhados não devem ser manuseados.
Daniel Assunção, advogado especialista em Direito Público e Administrativo, afirma que municípios também podem ser responsabilizados por danos causados pela fiação irregular e orienta que, em caso de dano, o cidadão pode recorrer à Justiça.