O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou preocupação neste sábado com o uso da recuperação judicial por algumas empresas no Brasil, classificando a prática como um “abuso”. O ministério está analisando a questão.
Haddad destacou dois fatores que contribuem para o elevado número de empresas buscando recuperação judicial: as altas taxas de juros, que dificultam a renegociação de dívidas, e o uso inadequado do próprio mecanismo de recuperação.
“Tem um abuso em usar a recuperação judicial”, afirmou Haddad, durante entrevista. “Estamos estudando isso. Alguns casos estão chamando a atenção. Tem um ou dois setores da economia que estão inspirando um cuidado maior”, acrescentou, sem especificar quais setores seriam esses.
A legislação permite que empresas em recuperação judicial ganhem tempo para se reestruturar, suspendendo ações de cobrança temporariamente.
Sobre os juros, Haddad reconheceu que a taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, é “exagerada”, mas ressaltou que essa é uma questão a ser tratada pelo Banco Central. “Tem gente no Brasil hoje, inclusive no mercado financeiro, que (diz que) chegou a hora de cortar. Tem gente que acha que não”, ponderou. “O debate é normal.” Ele também mencionou que as expectativas do mercado para a inflação estão se reancorando, o que pode abrir espaço para o BC reduzir as taxas de juros nos próximos meses.
Na mesma entrevista, Haddad reiterou que o Brasil enfrenta um déficit “crônico” nas contas públicas. Ele criticou a visão de que a solução para o desenvolvimento do país seria simplesmente eliminar as restrições aos gastos públicos, classificando essa ideia como “superficial”.
O ministro expressou seu apoio a parcerias público-privadas (PPPs) e concessões, defendendo que “Ideologicamente falando, eu não sou contra PPP e concessão. Dependendo da circunstância, ela se justifica”.
Fonte: forbes.com.br