Nos anos 90, a pecuária brasileira testemunhou a consolidação dos programas estaduais de Novilho Precoce, marcando uma nova era com critérios técnicos para o abate de animais jovens e bem acabados. Antes, a indústria recebia bois mais velhos, com carcaças irregulares e qualidade inconstante.
Em meio a leilões de gado no interior de São Paulo, Marcos Molina, filho de açougueiro e dono de uma empresa fundada em 1986, buscava se aproximar de pecuaristas modernos. Seu foco era a distribuição de cortes de carnes especiais para grandes redes de restaurantes, o que o motivava a formar parcerias com criadores de bovinos de melhor qualidade.
Os programas de Novilho Precoce, impulsionados por estados como Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Santa Catarina, transformaram o padrão do gado entregue à indústria. A primeira aquisição de Molina foi um frigorífico em Bataguassu (MS). Ao bonificar idade, peso e acabamento de carcaça, os governos fomentaram melhorias no manejo, genética e alimentação dos rebanhos. O resultado foi carne mais macia, cortes regulares e fornecimento previsível, impulsionando o produto brasileiro nos mercados interno e externo.
Nos anos 2000, a empresa de Molina crescia, ganhando destaque no mercado frigorífico. Na época, destacavam-se Friboi, Bertin e Independência como os maiores do setor.
Esse período coincidiu com fusões, aquisições e expansão no setor, consolidando o Brasil como o maior exportador de carne bovina. A Friboi, que viria a ser JBS, liderava o movimento, seguida por Bertin e Independência.
Em dezembro de 2010, nasceu a Mfb Marfrig Frigorificos Brasil, com sede em Itupeva, entre Campinas e São Paulo.
Entre 2001 e 2005, Molina expandiu seus negócios para Promissão (SP), Paranatinga e Tangará da Serra (MT). Em 2006, chegou a Goiás, Rio Grande do Sul e Rondônia, iniciando exportações para países vizinhos e adquirindo unidades na Argentina e no Uruguai.
Em 2007, buscando abrir capital, Molina implementou governança corporativa. Em junho, realizou seu IPO na Bovespa e, em 2008, recebeu um aporte do BNDES, viabilizando a compra da MoyPark na Irlanda do Norte.
Em 2009, adquiriu a Seara e a Keystone Foods, consolidando sua presença global com receita prevista de R$ 10 bilhões. Em 2010, o BNDES reforçou o apoio com títulos conversíveis. No entanto, a diversificação trouxe dificuldades e, em 2013, a Seara Brasil foi vendida, com a empresa retornando ao foco na carne bovina.
Em 2016, a empresa de Molina foi a primeira a exportar carne bovina in natura para os Estados Unidos. Em 2017, o BNDES converteu títulos em ações e a companhia passou a se chamar Marfrig Alimentos.
Em 2018, a Marfrig adquiriu a National Beef e a Quickfood, vendendo a Keystone. Em 2019, o BNDES deixou a empresa e Marcos Molina aumentou sua participação. Durante a pandemia de 2020, ele comprou cerca de R$ 1 bilhão em ações.
Em 2021, a Marfrig iniciou a aquisição de participação na BRF, elevando a fatia para 40,9% em 2023, quando Molina assumiu a presidência do conselho.
Molina e sua família controlam a MFG Agropecuária, com unidades de confinamento de gado em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo, com capacidade para aproximadamente 150 mil animais.
Em 2016, a compra da Agropecuária Jacarezinho, do Grupo Grendene, agregou valor ao negócio. A Jacarezinho era reconhecida pela genética da raça nelore e pela produção de touros superiores com Certificado Especial de Identificação e Produção (Ceip), garantindo a qualidade da carne.
Fonte: forbes.com.br