Em uma operação da Polícia Federal realizada no final de agosto, o secretário de Agricultura do Maranhão, Fábio Gentil, tentou esconder seu celular dentro da pia do banheiro. O fato ocorreu durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão no apartamento onde Gentil reside com sua namorada, a deputada estadual Daniella Jadão Meneses (PSB), localizado em São Luís.
A ação da Polícia Federal faz parte da Operação Lei do Retorno, que investiga o desvio de verbas da Educação em municípios maranhenses. Segundo a investigação, o esquema pode ter movimentado cerca de R$ 50 milhões através de contratos fraudulentos com prefeituras, incluindo a de Caxias, onde Fábio Gentil foi prefeito até o início de 2025.
Fábio Gentil e Daniella Meneses são considerados suspeitos no esquema. A Polícia Federal apura se os dois viabilizaram contratações consideradas suspeitas com empresas supostamente envolvidas no desvio de recursos públicos. O casal nega qualquer envolvimento em irregularidades.
No dia da operação, Fábio Gentil inicialmente alegou que seu telefone celular estava no carro de seu motorista. No entanto, os agentes da Polícia Federal decidiram realizar uma busca minuciosa no apartamento. Durante a na suíte, o aparelho foi encontrado escondido no compartimento da pia.
Na mesma ação, os policiais federais apreenderam aproximadamente R$ 30 mil em dinheiro dentro do imóvel. O valor foi atribuído a Fábio Gentil.
A operação que culminou com a busca e apreensão teve início após a Polícia Rodoviária Federal apreender R$ 575 mil em espécie dentro de um veículo Toyota Corolla. O dinheiro estava em posse de dois indivíduos apontados como intermediários. O automóvel utilizado no transporte estava registrado em nome da mãe de Daniella Meneses. Um dos ocupantes do veículo é apontado como tio da parlamentar.
A Polícia Federal investiga se o montante apreendido seria entregue a um servidor do município de Caxias, que faria o repasse da quantia para Fábio Gentil e Daniella Meneses. A suspeita é que a transação seria uma forma de recompensá-los pelo direcionamento de contratos públicos a empresas envolvidas no esquema de desvio.
As investigações apontam que as empresas supostamente beneficiadas atuavam antes mesmo da abertura formal de qualquer processo de concorrência. As propostas eram entregues diretamente a servidores da prefeitura de Caxias. Posteriormente, esses servidores elaboravam os Termos de Referência com base nos documentos já apresentados, manipulando os procedimentos para justificar a inexigibilidade de licitação.
De acordo com relatório da Polícia Federal, o esquema foi utilizado repetidamente durante a gestão de Fábio Gentil. A prática incluía encontros entre o então prefeito e representantes das empresas antes da formalização de qualquer contrato.
Para os investigadores, o objetivo da operação era viabilizar o repasse de recursos do Fundeb para empresas previamente selecionadas, em um processo considerado irregular e ilegal.
A defesa de Fábio Gentil e Daniella Meneses declarou que o processo está sob segredo de Justiça e, portanto, não comentaria detalhes da apuração. Em nota, ambos afirmaram confiar nas instituições e que “todos os fatos serão oportunamente elucidados junto aos órgãos investigativos competentes”.
Fonte: revistaoeste.com